
18 maio Uma viagem ao México
Ele tinha apenas quatro anos quando a médica nos solicitou uma ressonância magnética. Só de imaginá-lo entrando naquela máquina enorme, barulhenta, meus olhos se enchiam de lágrimas. Dor de mãe. A médica recomendou que meu menino fosse anestesiado. Evitaria, assim, que ele ficasse assustado e se mexesse, atrapalhando o exame.
Viagem? Sim, isso mesmo. Expliquei ao Daniel que ele faria uma viagem. Numa máquina “muito maneira e muito mágica”. Podíamos escolher qualquer lugar para ir com ela. Ele iria sozinho, porém, eu estaria ao lado da máquina assim que ele voltasse. Pronta para ouvir suas histórias, de braços abertos para recebê-lo. Como faz para todas as viagens, Daniel começou a se animar.
Pude ficar com ele até que fechasse os olhos, minutos antes de entrar na máquina. Trinta minutos foi o tempo que esta viagem durou. Foram setenta minutos que mais pareciam as 12 horas que levamos para ir para o México. No fim do exame, as enfermeiras me chamaram para voltar a ficar ao lado dele, pois já já Daniel acordaria. Me orientaram a ficar bem perto, dizendo que a maioria das crianças acorda de maneira agitada. Algumas gritam e choram neste despertar. Daniel demorou um pouco mais, acho que estava curtindo a viagem. E, assim que abriu os olhos, ele disse: “Mãe, o México é muito legal!”.
Até hoje, quando me lembro dessa viagem, tenho a sensação de que a maternidade me fez buscar caminhos inimagináveis no cuidado com os meus filhos. Enquanto Daniel curtia o México, lá estava eu nos desertos do Saara. São muitos os lugares que também “visitamos” quando vivenciamos de forma plena a maternidade. Já me senti passeando em campos de flores da Dinamarca, me perdendo em Nova Deli ou descendo as ladeiras do Curuzu. É desse ir e vir, do se perder e se achar, é que vamos falar aqui. E, juntos, vamos crescendo. E, por que não, viajando um bocado por aí?