Uma decisão sem preconceitos

Uma decisão sem preconceitos

Nunca ouvi ninguém dizer para uma mãe de uma criança com diabetes que ela não deveria dar remédio a seu filho. Entretanto, já escutei de uma série de pessoas que eu não deveria medicar o meu. Entendo que muitos fazem estes comentários baseados num excesso de medicalização que existe atualmente. Eu mesma sou da linha antroposófica e meus três filhos tomaram antibiótico, por exemplo, apenas umas quatro vezes. Também entendo que esta crença ocorre em função da falta de paciência de muitos, o que faz com que muitas pessoas queiram logo acabar com determinados sofrimentos, sem lembrar que o corpo precisa criar seus próprios anticorpos.

Sei também que este assunto é polêmico e já fui crucificada por não dar a vacina de gripe ou catapora. Sim, eu não dei nenhuma das duas. O pior, entretanto, eram os olhares ou até mesmo os comentários em função de um remédio para o “nervoso”. É incrível como advogados ou engenheiros conseguem obter um diploma rápido de médico e dar opiniões tão seguras sobre “não medicalizar” uma criança. Isto me deixava ainda mais aflita.Ninguém fica feliz ao decidir dar um remédio tarja preta para o seu filho de apenas seis anos.

Qualquer pessoa fica em dúvida sobre os benefícios e os malefícios. Sim, sempre haverá efeitos colaterais.Outro dia, uma mãe na porta da escola dizia “eu não vou dar remédio algum para meu filho, temos que aprender a entender o outro e conviver com as suas características”. Neste mesmo dia, meu filho mais velho chegou no carro comentando sobre um menino do quarto ano que havia mordido o inspetor e quebrado a pia do banheiro. Coincidentemente, era o filho daquela moça da porta da escola. Aquilo me fez pensar, o que seria melhor para aquele menino? Para aquela mãe? Para aquela família? Ou até para as crianças que estão ao redor, sua comunidade? Será que vale ficarmos presos a preconceitos e não avaliarmos cada situação como única?

Ciça Melo
cica.melo@paratodos.net.br


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