Reunião de pais na escola

Palavra Reunião no centro de um círculo formado por mãos coloridas

Reunião de pais na escola

Depois que o Rafael nasceu, ir a uma reunião na escola nunca foi a mesma coisa para mim. Quando a Joana, minha filha mais velha, estava na Educação Infantil, eu ia a diversas reuniões e, para mim, era como um passeio. Um tempo que dedicava a conhecer um pouco do seu universo na escola, onde nem sempre ficava evidente a “produtividade” da reunião, mas entendia que precisava estar ali.
Com o Rafael – que tem 8 anos, está no 2o ano e tem Síndrome de Down -, é completamente diferente. Desde o início. Desde o minuto em que recebo a circular da escola avisando do agendamento da reunião. Só de segurar a circular em minhas mãos borboletas começam a bater asas freneticamente em meu estômago. Passo os dias que antecedem a reunião tensa, como quem espera o estouro de uma bola de aniversário.
Chega o dia. Parece que volto à idade escolar e estou entrando na minha escola para um exame, uma prova para a qual não estudei e que tenho a obrigação de tirar nota máxima.
Começa a reunião. Ouço o que a professora tem a dizer e tento enxergar meu filho dentro daquela descrição de rotina, de produtividade, de desenvolvimento. Muitas vezes ele era simplesmente suprimido da turma. Era como se não existisse naquele grupo. A professora só tinha sucessos a relatar. Todas as dificuldades que sabia que meu filho tinha passavam em branco pela reunião. E todos os sucessos dele não eram bons o suficiente para serem reportados. Era como se fosse excluído naquele exato momento do grupo. A professora muitas vezes evitava até o contato visual comigo, como que com vergonha por excluir meu filho de seu relato do bimestre.
Saía da reunião arrasada! Se meu filho não estava ali, então, o que eu estava fazendo naquela sala?!
Até que com o passar dos anos, mudança de escola e a doutrinação que tenho feito nas escolas, as reuniões começaram a ser menos dolorosas. A professora passou a vibrar com suas conquistas dentro da turma, assim como eu. Desta forma, conseguia incluir seus feitos na estatística da turma. Sem constrangimento.
Ele ainda tem dificuldades? Tem sim, mas e daí? Ele não está lá para aprender, para crescer, assim como todos os outros alunos?!

Carla Codeço
carla@paratodos.site.com.br


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