Que bicho estranho, que bicho esquisito!

Que bicho estranho, que bicho esquisito!

Não sou bióloga e não entendo nada de bichos. Mas, certo dia, um inseto me chamou a atenção. E apenas por um motivo: ele tinha uma antena somente.
Sim, para mim, o normal seria ter duas antenas. Então, logo pensei, que devia ter perdido uma antena. Mas, ao observá-lo de perto, não era isto que parecia. Talvez ele nunca tivesse tido duas. Será que sua espécie tinha duas antenas e ele não? Estava diante de uma mutação? Ou será que esta espécie tinha uma antena apenas.

Agora, por que isto teria me chamado tanta atenção – a ponto, inclusive, de escrever sobre o bendito?! A resposta estava, mais uma vez, na forma como se organiza a nossa sociedade. Temos padrões tão estabelecidos que, ao olharmos algo diferente, isto nos causa estranheza. E logo pensamos: “isto é normal”?
Estamos sempre educando e ensinando para que as crianças se encaixem no tal do padrão. E aquele que não se encaixa? Ou vive infeliz, à margem, desencaixado. Ou se molda. E vive infeliz, encaixado. Ou, indo contra tudo e todos, se supera e não está nem aí por ter apenas uma antena.
Fomos acostumados a pensar “padrões”. Só que nem tudo atende aos padrões, aos requisitos sociais, às nossas expectativas. É estranho, é esquisito. A verdade é que não permitimos a diferença. Nem mesmo num inseto.

Nota: Sobre a ocorrência de insetos com uma antena, normalmente é caso de perda, explica o biólogo Elidiomar Ribeiro. As antenas podem se destacar bem na base, no primeiro artículo, podendo dar a impressão de que o bicho nunca teve a outra antena do par. Mas, segundo o especialista, existe sim a possibilidade de mutações. Uma bem interessante, citou, é a que ocorre com a mosquinha da banana (Drosophila): há casos em que algumas passam a ter pernas em vez de antenas (são apêndices homólogos). Na foto que ilustra esse artigo, a imagem é da cabeça de uma vespa com antena única. Para ele, a antena do outro lado deve ter sido perdida, pois a antena remanescente não parece centralizada na cabeça. Mas, pondera, pode ser uma questão de perspectiva da foto.

Ciça Melo
cica.melo@paratodos.net.br


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