Por uma sala de aula mais justa

Por uma sala de aula mais justa.

Por uma sala de aula mais justa

Numa sala de aula equitativa, todos aprendem. Os materiais são acessíveis a todos os alunos. Todos contribuem para o aprendizado de todos. Todos participam e interagem com aquilo que conseguem fazer. Todos têm o mesmo status. Todos, sempre todos. Mas, somente todos, se todos tiverem oportunidades para aprender. Um dos caminhos para se chegar a uma sala de aula justa  é proposto pela pesquisadora Rachel A. Lotan, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, reconhecida como referência mundial em formação de professores e ensino para a equidade. Recentemente a especialista esteve no Brasil e apresentou o livro  Planejando o Trabalho em Grupo – Estratégias para Salas de Aula Heterogêneas, em co-autoria com a pesquisadora Elizabeth Cohen (1932-2005).
O livro nos mostra que o professor precisa planejar, dirigir e delegar aos alunos a responsabilidade pela busca de respostas e soluções diante de problemas e adversidades. É esse o caminho para soluções criativas, que promovam a alternância de papéis entre os participantes do grupo e ainda o aumento da percepção da colaboração e da interação entre os alunos. De acordo com as autoras, um trabalho de grupo bem executado torna-se uma ferramenta para reduzir desigualdades, harmonizar diferenças e promover equidade no ensino.
A seguir, confira a entrevista que Raquel Lotan concedeu ao Paratodos.

PARATODOS: O conceito de equidade é comumente relacionado à ideia de justiça.  Quando aplicado à educação, será que transmite uma ideia de sala de aula mais justa?  

RACHEL LOTAN: Esses são grandes e importantes conceitos filosóficos. Então, vou focar nas salas de aula. Primeiramente, preciso dizer que salas de aulas equânimes estão numa progressão entre a menos e a mais equânime, em vez de se é ou não equânime.  Como reconhecer uma sala de aula equânime quando vejo uma? 1) Todos os estudantes têm acesso de maneira equiparada ao professor, seus colegas e ao material da sala de aula. 2)  Todos os estudantes têm múltiplas e variadas oportunidades para demonstrar o que sabem e o que são capazes de fazer. 3) A inteligência é definida pelo professor e pelos estudantes como gradual, flexível e multidimensional. 4)  As medidas das conquistas são agregadas em torno de uma média aceitável e não distribuídas no que seria considerado uma curva normal.


PARATODOS: Quais habilidades os estudantes precisam desenvolver para trabalhar em grupos nas salas de aula equânimes? 

RACHEL LOTAN: Colaboração, cooperação, fazer boas perguntas, escutar ativamente, demonstrar criatividade, organizar a si mesmo e aos outros, e muitas outras habilidades que fazem alguém ser bem sucedido no mundo real.


PARATODOS: Como fazer deste um espaço realmente democrático onde todos, e não apenas os estudantes com boas notas e nas disciplinas mais valorizadas, possam sobressair? 

RACHEL LOTAN: Precisamos focar naquilo que todos os estudantes conseguem fazer ao invés do que eles não conseguem fazer.  Construir em cima do conhecimento e das habilidades que eles podem ter adquirido mesmo fora da escola e da sala de aula  e fazer com que isso seja relevante para as tarefas.  Todos os estudantes podem contribuir porque eles têm muitas habilidades intelectuais diferentes que podem se tornar relevantes e precisam ser reconhecidas.


PARATODOS: Todos os estudantes podem aprender com esse modelo? 

RACHEL LOTAN: A maioria deles.  Certamente mais do que numa sala de aula tradicional. 

 

♦  (Fabiana Ribeiro, com tradução de Eliane Cunha)
Fabiana Ribeiro
fabiana.ribeiro@paratodos.net.br


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