Pequenas Mensagens

Família real da Noruega.

Pequenas Mensagens

No dia a dia, pequenas mensagens que nos ajudam a construir nossos pensamentos sobre determinados assuntos. Ditas ou não ditas, diretas ou dando voltas no planeta, objetivas ou nas entrelinhas, as pequenas mensagens cumpre bem seu papel de nos lembrar, como bem disse uma professora numa palestra, que o diabo mora nos detalhes.
Todos emitimos pequenas mensagens. É o xampu para cabelos normais, é o condicionador para cabelos rebeldes. São os termos, como “denegrir” ou “judiar”, usados sem maiores pretensões. São palavras usadas como xingamentos, a exemplo de “retardardo” ou “viado”. E por aí vai. Nós fazemos isso. Mas há também a mídia – seja ela tradicional ou supermoderna – que também passa seus recados.

Dia desses, uma jornalista nos mostrava como aconteceria o processo de sucessão dos tronos na Europa. A reportagem trazia quatro crianças e uma adolescente, todos na linha de sucessão de países como: Reino Unido, Mônaco, Países Baixos, Espanha e Noruega. Alguns destes países ainda possui leis que privilegiam o filho homem na linha de sucessão. Mesmo que a filha seja primogênita.

Então, diante da reportagem, me pergunto: que mensagem este país traz? O que as demais meninas deste país vão pensar? Como elas podem achar que meninos e meninas devem ter direitos iguais na escola, se na “vida real” (com trocadilho), isto não acontece? Ao mesmo tempo, a princesa Catarina Amalia (hoje com 14 anos) é a primeira na linha de sucessão ao trono holandês. Leonor de Borbón na Espanha também é herdeira imediata do trono.  E a princesa Ingrid Alexandra (foto) é sucessora direta depois do seu pai – após modificações na constituição norueguesa de 1990.

Não é conto de fadas: estas princesas deverão de fato ser rainhas e poderão dar esperanças às milhares de meninas em seus países. Que, com certeza, entenderão esta pequena mensagem como algo que lhes diga que elas são tão capazes quantos seus irmãos e primos.

Em outra reportagem, o jornalista falava sobre Francisco Arbulú, um peruano que divide seu tempo entre suas três paixões: sua família, o surf profissional e a formação de pilotos da Avianca. Esta matéria veio na revista de vôo da própria companhia aérea. Que contava sobre a vida de um dos seus funcionários, dois na verdade. Pois a esposa de Francisco é chefe de cabine.

O mais interessante foi ler que Francisco era piloto, mas teve que deixar este cargo depois de um acidente de carro onde a mobilidade das suas pernas e dos seus braços foi afetada. A sua paixão pela profissão era tanta que logo se tornou instrutor de voo em terra.
A pequena mensagem que esta reportagem nos traz é de que a pessoa com deficiência não é incapaz. Todos somos capazes de algo. Temos que descobrir nossas paixões e vocações, adaptá-las por vezes, mas agarrá-las sempre!

Nós, jornalistas, somos muito responsáveis por estas “pequenas mensagens”. Na escolha de uma palavra ao tom que damos num artigo, podemos fazer a diferença. É preciso escrever ou produzir uma matéria diante de um dado e não apenas reproduzi-las, mas, principalmente, dar um tom crítico e reflexivo da nossa realidade.
Mas não são apenas os jornalistas a passar mensagens. Com as redes sociais, esta possibilidade é de todos: todos viramos – ou nos sentimos como – jornalistas. Que tal sermos todos cautelosos com nossas mensagens? Que tal sermos mais críticos e atentos com as mensagens que vamos passar adiante?

Ciça Melo
cica.melo@paratodos.net.br


});