Uma aventura no Japão

Uma aventura no Japão.

Uma aventura no Japão

Luiza tinha 6 anos. Na escola, sua turma estudava os diferentes países de onde cada família tinha vindo. Então, certo dia, minha filha chegou contando que uma amiguinha era neta de japoneses. Luiza estava encantada com este país do outro lado do planeta. Eles haviam visto fotos das escolas, do uniforme e da mochila (que é bem diferente). Haviam comentado sobre os diferentes tipos de comida e desenhado a bandeira nacional.
Isso tudo me deixou animada para levar meus três filhos ao bairro da Liberdade, em São Paulo. Na época, morávamos perto da Avenida Paulista. Dava para ir à pé até o metrô e chegar direto na Liberdade.  Acho que isso aumentou a sensação de que estávamos viajando para o Japão.
Assim fomos, entramos por debaixo da terra, atravessamos o globo e, em alguns minutos, chegamos ao Japão. O bairro é realmente incrível. E naquele domingo, estava bem cheio.
Andamos pelas ruas, entramos nas lojas mais típicas. Fiz questão de pedir para que os que falavam japonês, falassem com as crianças e os ensinassem algumas palavras. Eles saíram de lá falando “arigatô” e “sayonara”.
Obviamente, almoçamos num restaurante japonês, tirando os sapatos e sentando numa daquelas cabines. Esta parte foi um pouco mais difícil, mas eles experimentaram várias coisas diferentes. E cada uma das três crianças achou algo de que gostou. Isso sem falar do fato de que comeram com os palitinhos. Obviamente, com os dedinhos. Uma aventura à parte.
Saíram de lá radiantes. Tinham adorado o Japão.  Já, no metrô de volta, faziam planos para voltar. No dia seguinte, Daniel – o mais novo – contou para toda a escola que, no domingo, ele havia ido ao Japão. Mal ele percebeu que a grande viagem ali era o contato com um mundo diferente do dele. Era uma oportunidade para compreender que existem pessoas, culturas, modos de viver diferentes. E a diferença – seja ela qual for: de raça, de etnia, de classe social ou de ter ou não ter deficiência – não significa ser melhor ou pior. Apenas diferente. E, quanto mais cedo nossos filhos forem apresentados às diferenças, às inúmeras diferenças da vida, mais cedo eles constatarão que os indivíduos não são classificados como iguais ou diferentes: as pessoas são apenas… pessoas!

CIÇA MELO é jornalista com mestrado em Psicologia Comportamental. Uma das fundadoras do Movimento Paratodos, que visa a promover a inclusão das pessoas com deficiência. Lucas, 13, Luiza, 11, e Daniel,9, enlouquecem seu dia a dia com questionamentos e com a busca de caminhos alternativos para esse mundo. Quer escrever para ela? Mande para: cica.melo@paratodos.net.br
Ciça Melo
cica.melo@paratodos.net.br


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