Meu infinito particular

O mundo da pessoa com autismo.

Meu infinito particular

Atualmente, diversas características “definem” a pessoa com autismo, sendo algumas delas: a falta de habilidade social, a distorcida comunicação interpessoal, os interesses restritos, o reduzido contato visual, os movimentos repetitivos, entre outras “definições” comuns a pessoas com esse transtorno. Porém, de forma quase que majoritária, os fatos ocorridos com esta população são disseminados pelos não autistas, impossibilitando, então, um amplo entendimento dos acontecimentos.
Assim, com o intuito de auxiliar à compreensão deste transtorno, transcrevo a releitura da música “Infinito Particular” de Marisa Monte, realizada por uma jovem com Síndrome de Asperger que, na inabilidade de expressão de seus sentimentos, observou na música um meio de representação de suas sensações, referentes ao período de seu pré-diagnóstico.
“Eu mesmo não me aguento nesse meu infinito tão particular.
Peço sem palavras, aos poucos que me amam:
Façam sua parte para que eu possa lhes mostrar não só o pior de mim, mas sobretudo o meu melhor.
Podem pensar que eu sou de Marte, mas eu juro que, apesar de possuir esse tal infinito particular, eu sou daqui!
Muitos se perderam ao tentarem me adentrar, ao tentarem me olhar, mas eu, em pensamentos, implorava: “Vem, cara, me repara.”
Para mim, que possuo o tudo e o nada a esconder, por ser pequenina e também gigante, com a minha voz muda eu sempre quis dizer:
“Vem, cara, me declara”.
Declara para mim mesmo que mistério é esse que eu vivo, pois para mim, viver é um segredo que eu almejo decifrar.
Tenha certeza que o meu termômetro é um quilate, que o meu mundo, infelizmente, é portátil.
Sei que tu sabes que eu não sou fácil de se ler, mas não é impossível como tu pensas, pois tenha certeza que eu sou porta bandeira de mim.
Não vê? Tá na cara…
Mas apesar de tudo isso, eu posso lhe afirmar: “Eu sou potável! Daqui tu podes beber.”
Eu só lhe peço para ter o cuidado de não se perder ao adentrar no meu INFINITO PARTICULAR”.

 


Texto de  Andressa Leal
Editoria
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