Maravilhoso para quem mesmo?

Aprendizado de quem tem baixa visão.

Maravilhoso para quem mesmo?

Dia desses, contava num almoço que meu filho mais velho digitara no computador, em letras maiores, um dever para meu caçula. E que isso não aconteceu uma ou duas vezes, mas várias vezes em que a adaptação de seu material escolar estava aquém de suas necessidades. Frisei, na conversa, o quão importante era uma fonte aumentada para o aprendizado de quem tem baixa visão. E o quão simples era esse tipo de adaptação, a ponto de uma criança de, então, 8 anos ser capaz de fazê-la. Finda minha fala, eis que um jovem que participava da conversa diz:
– Nossa, para o Pedro, isso é maravilhoso.
Confesso que, se a pessoa não fosse da família, consideraria que ela havia se enganado de filho. E, ignorando a minha surpresa, ele continua:
– Essa atitude vai ajudar na formação do Pedro como cidadão.
BINGO!
É claro que ele reconheceu que o dever ampliado permitiria o aprendizado. É claro. Mas não foi isso que ele destacou na minha breve história. Tampouco foi no caminho mais fácil (ou na armadilha corriqueira) de dizer que o bondoso-irmão-mais-velho-ajudava-o-coitado-do-irmão-mais-novo. Nada disso. Sem olhar de misericórdia, sem olhar de superação. Sem bonzinhos ou meninos maus. Apenas o olhar reto e correto de enxergar o outro e, de alguma forma, se sentir responsável também. Só isso.
É disso que se trata esse movimento. De mostrar que todos ganham com a inclusão. E, num momento de mudança de paradigma nas escolas, esse argumento precisa ser dilatado: uma escola diversa e plural cria seres humanos melhores. E não é disso que a humanidade mais carece?
Então, um pedido. Reflita na fala desse jovem. Reflita. E responda: quem mais saiu ganhando quando um se responsabiliza pelo outro? E a reposta é simples: os dois. Agora, reflita em sua vida, em sua rotina. E pense em que momentos você deixou de se importar com outro. E, ao contrário, quantas vezes um gesto bacana (como ensinar algo para alguém ou mostrar onde fica a rua tal ou ajudar alguém que caiu a se levantar) transformou o seu dia. E, assim, tenha a certeza de que um mundo em que todos se importam é um mundo bom pra todo mundo.
Reflita. E passe adiante esse valor.
Fabiana Ribeiro
fabiana.ribeiro@paratodos.net.br


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