Mãe, eu sou fedorento?

Mãe, eu sou fedorento?

Bruno* já tem 14 anos. Estuda na mesma escola desde os dois. Durante estes doze anos, a turma mudou algumas vezes. Não porque ele quisesse ou a mãe pedisse. Fruto apenas desta “nova” pedagogia que vê benefícios nesta alteração.De qualquer forma, alguns são os mesmos desde sempre. Entretanto, Bruno não tem amigos. No fim de semana, espera impacientemente ao lado do telefone. Mas o telefone não toca. “Ninguém me liga”, diz ele para sua mãe. E, em seguida, pergunta: “Eu sou fedorento? Eu sou narigudo?”Bruno não consegue entender: ele toma banho, se arruma, faz “tudo” e, mesmo assim, não consegue amigos. A inclusão não é tão fácil. Apesar de estar no oitavo ano, Bruno não  acompanha a conversa dos seus colegas. Às vezes, pode se tornar inconveniente, falar mais alto e até gritar.Numa idade em que a insegurança impera e que todos estão buscando se afirmar, essa situação é ainda mais complicada. Bruno também é adolescente. Já diz para sua mãe que precisa ir “para o quarto fazer uma coisa que não pode fazer na sala”. Ele aprendeu que isto é o certo, mas ainda não entendeu que não precisa avisar.Ser mãe de adolescente não é fácil, mais difícil ainda quando o filho tem alguma questão. Coração de mãe fica ainda mais apertado, quando percebe que, acima de tudo, ele não está feliz. Ele quer se relacionar, quer ser aceito e, mais do que isto, quer ser amado.* O nome foi trocado com objetivo de proteger a identidade real do jovem
Ciça Melo
cica.melo@paratodos.net.br


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