Inclusão ou muro das lamentações?

Inclusão ou muro das lamentações?

As escolas estão às vésperas de ter de lidar, pra valer, com a inclusão. A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI) é categórica e, por isso, vai obrigar que muitos colégios encarem de vez a educação inclusiva. Até lá, reclamam. Choram porque não sabem o que fazer, como fazer e até mesmo pra que fazer. Só que esse chororô precisa acabar.
Convoquem seus professores — o caminho perpassa por eles. Liguem para o diretor da escola ao lado para ver o que andam fazendo. Tem gente que faz. Tem gente que não. Mas todos terão de. A não ser que prefiram o risco de processos e mais processos nas costas. Até que um dia a casa cai. Porque a LBI empoderou as famílias. E a internet, com seus abaixo-assinados virtuais, conclamam a sociedade como um todo para fazer valer o direito de alunos como Pedrinhos e Davis. Vai ficar feio na foto, no Face, no Twitter e até no Tinder não incluir.
Xi, então, a escola vai ter de contratar todos os mediadores que hoje desfilam pelas salas de aula e são pagos pelos pais? Não. Não, se estiver, desde já, rascunhando seu próprio plano de inclusão. Um plano que não prevê mediadores individuais, mas mediadores volantes, por turmas, por ciclos, por idades, ou sabe-se-lá-pelo-quê. Mediadores da escola que abraçarão, como nunca, aquele aluno que na prática a escola foi perdendo, perdendo, perdendo… Vai gastar menos se envolver melhor toda a comunidade – de professores a alunos, passando pelas famílias. Já pensou em programas de monitoria entre alunos? A hora é agora.
Porém, haverá, sim, mais custos. Não tem jeito. Custos porque a inclusão não recebeu os investimentos que deveria ter recebido antes. Não tem coordenador. Não tem mediador próprio. Não tem quem cuide de adaptar material. Não tem gente que pegue para si o compromisso de incluir a todos. Se encarar a inclusão como área estratégica, assim como outras, vai ver que a escola está obsoleta e, portanto, precisa investir. Chame seu financeiro. Esse mesmo que aprovou trazer tablets para as salas de aula, computadores nas classes, quadro negro inteligente, uma nova tinta pra quadra. Ele vai precisar fazer as contas e mexer no bolso. Não tem jeito.
Investir em sala de recursos.
Investir em gente capaz de adaptar material. E não negar o direito de um aluno de aprender.
Investir no professor.
Investir.

Engulam o choro, queridas escolas. Já perdemos todos tempo demais.

Fabiana Ribeiro
fabiana.ribeiro@paratodos.net.br


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