Eu visto branco. E você?

Eu visto branco. E você?

Eu não sou do Candomblé. Entretanto, hoje eu visto branco. Visto branco da paz. Assim como a Dona Kátia. Sim, a Vovó Kátia e a sua neta.

Sim! Não podemos esquecer que, por trás de cada religioso, existe uma pessoa. Neste caso, pior, uma criança. Uma garota de 11 anos, que foi vítima nesta semana de uma pedrada na cabeça, quando deixava um culto de candomblé no Rio de Janeiro. Motivo: intolerância.Veja matéria que foi publicada no site do Extra (http://extra.globo.com/casos-de-policia/vitima-de-intolerancia-religiosa-menina-de-11-anos-apedrejada-na-cabeca-apos-festa-de-candomble-16456208.html).
Há alguns anos, meu filho mais velho cursava seu terceiro ano escolar numa escola paulista que, mesmo não sendo uma escola judaica, tinha alunos judeus, em sua maioria. Apenas uma semana depois do início das aulas, Lucas voltou para casa abismado, incrédulo. A pergunta dele era: “mãe, é verdade que teve uma guerra contra os judeus?”. E, em seguida, continuou: “cada um não pode ter a sua religião?”.
A minha pergunta é: por que algo que é tão óbvio para uma criança, pode ser tão difícil para alguns adultos? De onde vem tanta intolerância? Por que tanta dificuldade em aceitar a diferença?
Seja esta diferença em termos de raça, religião, gênero ou time de futebol. Ou esteja esta diferença impressa no seu rosto, no seu corpo ou no seu modo de pensar.
Por que será que precisamos todos pensar igual, vestir igual, andar igual?  Por que precisamos apedrejar aqueles que não pensam como nós? Não precisamos ser do candomblé. Mas já é hora de todos levantarmos a mesma bandeira: “Eu visto branco. Branco da paz. E você?”

Ciça Melo
cica.melo@paratodos.net.br


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