“Estão todos aprendendo de fato?”

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“Estão todos aprendendo de fato?”

“Como a gente sabe se temos qualidade na Educação Infantil? Estão todos aprendendo de fato?”. Foi assim que Eduardo de Campos Queiroz, diretor-presidente da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal (FMCSV), abriu o evento do Educação 360, provocando-nos a refletir que todos, sem exceção, precisam aprender. A estreia do evento em um formato mais compacto teve como foco a Educação Infantil e ocorreu no dia 30 de junho no Museu do Amanhã. Foram quatro painéis em que especialistas brasileiros e estrangeiros discutiram os caminhos para se construir uma educação de qualidade. Na plateia, quase 400 pessoas. Professores, pesquisadores, psicopedagogos, donos e diretores de escolas, enfim pessoas envolvidas com o tema. O Paratodos também foi conferir o que se debatia por lá.
Logo na primeira mesa, falou-se na importância da qualidade da educação na primeira infância. Daniel Santos, professor da USP, e Emiliana Vegas, chefe da divisão de educação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em Washington (EUA), ressaltaram que investimentos na Educação Infantil, como no corpo docente, são fundamentais já que essa etapa provoca impactos na vida adulta. Porém, os gastos ainda ficam abaixo do esperado.
– Nós investimos muito pouco na primeira infância, gasto público é maior para as crianças mais velhas. E os investimentos tem sido ineficientes – comentou Emiliana.
Esse baixo investimento também se observa quando o assunto é inclusão e, como sabemos, a falta de preparo da equipe pedagógica das escolas, em geral, é a desculpa mais usada para a exclusão de milhares de crianças do universo do aprendizado.
Claudia Costin, Diretora Global de Educação do Banco Mundial, EUA, citou a meta 4 onde vemos a afirmação de que “todas as crianças tenham acesso à Educação Infantil”. Claudia ressaltou que em termos de inclusão, ela entende que a maior barreira é o preconceito por parte dos professores e dos alunos. E por isto, é tão necessário iniciarmos a inclusão desde a Educacao Infantil, onde “ainda não há ódio algum estabelecido.”
Já na terceira mesa, nada havia sido dito especificamente sobre inclusão, entretanto Antonio Gois, jornalista especialista em educação e mediador de vários painéis, trouxe à tona o tema logo na primeira pergunta e especificou que esta pergunta era para todos.
Cleuza Repulho, ex-Presidente Nacional da União dos Dirigentes Municipais de Educação, disse que a formação inicial do professor não trata de inclusão. Complementou ainda que no primeiro documento da Base Nacional Comum Curricular a inclusão apareceu apenas no texto introdutório. Entretanto, reforçou que precisa aparecer em outros momentos “para que consigamos contemplar uma educação para todos”. Em seguida, Larry Schweinhart, pesquisador americano na área, disse que os objetivos devem ser traçados para todas as crianças. E que não devemos dizer que elas falharam, mas sim respeitar o tempo de cada uma para alcança-los. Acrescentou ainda que, “desta forma, não precisaremos de categorias específicas”.
Na última parte, Estela Renner, diretora e roteirista do filme “O Começo da Vida” falou sobre um provérbio africano que diz que precisamos de uma vila inteira para cuidar de uma criança. Ela questionou ainda se queremos um mundo “descuidado” para os nossos filhos. O evento terminou com a exibição do filme dela, documentário muito recomendado para os que atuam nesta área.

Ciça Melo
cica.melo@paratodos.net.br


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