14 jun Especial Tunísia: deficiência não veio com a modernidade
Aqui, na Tunísia, não tem como não pensarmos no passado. E um passado bem remoto. A história da civilização árabe está na arquitetura, na cultura, no modo de viver. Nesse país milenar, pude aprender que a questão da deficiência não é de hoje. Longe de ser antropóloga, historiadora, arqueóloga, sou apenas uma turista curiosa que foi visitar, na cidade de Sbeitla, um sítio arqueológico que, segundo estudos, deve ser de dois mil anos atrás. E, lá neste local tão antigo quanto distante da minha realidade, me deparo com uma rampa ao lado da escada. Impossível não me ver refletindo que as pessoas com deficiência não são uma invenção da modernidade: elas existem desde os mais remotos tempos.
Essa simples imagem me transportou para as conversas e reuniões que temos com tantos educadores. E, no meio desses encontros, inevitavelmente aparece o discurso de que “nós não estamos preparados” para trabalhar com inclusão. Uma observação que tem como resposta a minha triste fala: “sem problema, congelamos as crianças com deficiência e aguardaremos até que todos estejamos preparados”.