E Croc e Carol viveram felizes para sempre

E Croc e Carol viveram felizes para sempre

Minha família é quase nômade. E, a cada mudança, é hora de rever os brinquedos que não usamos mais. Pensar naqueles que enjoamos de tanto usar. E, ainda, nos que ficaram velhos ou quebraram. As crianças são muito acostumadas a fazer isto.
Agora, depois de uma obra e três meses fora de casa, estamos voltando. Com isso, eles estão reencontrando – e arrumando – os brinquedos. Foi neste momento que achamos o Croc, o crocodilo.
Croc é um velho companheiro do banho. Deve estar conosco há uns seis anos. E, numa brincadeira, não lembramos bem como, Croc teve sua pata traseira comida por um tubarão. Tentamos algum tipo de cirurgia e até mesmo uma amputação. Mas nada funcionou. Resultado: Croc não tem uma patinha.
Ao me deparar com ele, comentei com as crianças: “podemos jogar este fora, né?”. Frase muito infeliz. Luiza, do alto dos seus oito anos, esbravejou “não é só porque ele não tem uma pata que ele não serve mais”. Eu engoli em seco e comecei a limpar o Croc e colocá-lo de volta no box.
Mais tarde um pouco foi a vez das bonecas. Logo encontrei a Carol, uma Barbie mosqueteira. Carol perdeu a perna, quando Lucas brincava de jogar as bonecas para o alto. Não houve jeito de encaixar a perna de volta. Depois disto, ela continuou a participar das brincadeiras. E, quando está dirigindo, pode estacionar nas vagas para pessoas com deficiência.
Obviamente, depois do comentário em relação ao Croc, nem ousei sugerir que ela fosse descartada. Rapidamente, ajeitei seu vestido e a sentei na caixa de bonecas.
Assim, Croc e Carol continuam conosco. E viveram felizes para sempre!

Ciça Melo
cica.melo@paratodos.net.br


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