Aos iguais, o nosso amor?

Mais tolerância no mundo real.

Aos iguais, o nosso amor?

“Amar aqueles que te amam.” Foi a frase que vi tatuada no braço da moça no ônibus. E, de repente, aquilo “grudou” na minha cabeça. Como diz uma amiga, tem coisas que não são suas, mas “grudam” em você. Foi assim com essa frase.

Por quê? Não sei. Acho que me fez pensar como queremos aquilo que nos é mais fácil. Foi quase como se eu pudesse ler: “amar aqueles que são iguais a nós” ou “amar aqueles que são como queremos que sejam”.

Afinal, o mundo será bem mais agradável, se todos pensarem como eu penso, se todos forem como eu quero e se todos me amarem. Na impossibilidade disto no mundo real, faço isto acontecer no meu mundo. Tiro do meu Facebook os que não se encaixam, não aceito no Instagram e muito menos tenho no zap. Simplesmente elimino do meu mundo virtual com a expectativa de que não venham a existir no mundo real também.

Mas o quanto desta intolerância levo para o meu dia a dia? O quanto disso passamos para nossos filhos? Muitas vezes, a intransigência começa com um olhar, passa por uma frase e até pode terminar numa agressão física. Quando não chega a provocar morte. Exagero? Talvez. Mas acho que vale a reflexão.

Esta não aceitação da sociedade leva a uma maior dificuldade dos pais de aceitarem seus filhos. Outro dia soube de uma mãe de uma criança com Síndrome de Down que perguntou a uma outra cuja filha também tem a síndrome. “A minha filha tem quatro anos, vi que a sua tem 12, é possível ama-la um dia?” Triste.
Aceitar e amar são quase sinônimos. Que possamos aceitar mais e assim, amar mais ainda!


* Texto originalmente publicado, em 27/02/2018, na coluna Incluir para crescer, do site da revista Crescer.
Ciça Melo
cica.melo@paratodos.net.br


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