Afinal, que público é este?!

Afinal, que público é este?!

Quem é o público da Copa? Atletas? Jovens? Crianças? Homens com mais de 30 anos? Mulheres com menos de 50? Enfim, quem é o público da Copa? Pois, conforme dito à rádio CBN na semana passada o Secretário de Turismo do Rio de Janeiro, Antônio Pedro Figueira de Mello, definitivamente tirou da torcida as pessoas com alguma deficiência.  Foi um tapa na cara em cerca de 400 mil pessoas com algum tipo de deficiência que vivem na cidade. Sem falar nas mães. E não é bom mexer com elas.

Esqueceram de tanta gente que, mesmo com muletas, lupas, medicamentos ou nada disso, pagam seus impostos e sequer pediram para ter jogo no quintal. O Rio não se preparou para si próprio nem para os visitantes que chegam por aí. E eu não estou falando de rampa. Muito menos de favor, concessão ou favorecimento. Estou falando de direito. Enfim, fomos barrados.

A declaração do secretário não me espanta de fato, mas decepciona um bocado. Apenas é uma constatação de que o Rio não pensa nos seus cidadãos com alguma deficiência e, pior, nem tem vergonha de assumir isso publicamente. A tamanha naturalidade da declaração de uma autoridade que deveria nos representar a todos expõe o descaso da agenda de nossas políticas públicas no que diz respeito à inclusão. Fora da pauta.

Um descaso, senhor secretário, fique tranquilo, que aparece não somente na Copa, mas também nas escolas, nos hospitais, nos centros culturais, nas calçadas. Nas calçadas, secretário. E, infelizmente, entre os próprios cariocas — que se acham tão bacanas. Pena. Perdemos uma oportunidade rara de dar à nossa gente uma lição de inclusão e, dessa forma, ensinar para os nossos e para os outros também que incluir não é somente colocar rampa ou postos de atendimento. É fazer participar, é estar junto, é tornar possível, é respeitar o outro. Seria uma aula para o mundo de diversidade, num momento em que os holofotes se voltam para a nossa Cidade Maravilhosa.

Bem, o que tinha pra ser roubado da Copa já foi, como disseram por aí. E certamente roubaram também o direito de milhares de cariocas e, por tabela, de americanos, espanhóis, gregos, argentinos, australianos, cidadãos do mundo todo de assistir, de forma plena, a Copa. Ou de simplesmente passear pela cidade. Uma pena. Não somos bem vindos.

Mas nem tudo está perdido. As Olimpíadas batem à nossa porta já já. Ainda temos tempo para mandar colocar umas rampinhas por ai. E, de quebra, dar umas aulinhas de inglês para os nossos taxistas, se é que o senhor me entende…

Carla Codeço
carla@paratodos.site.com.br


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