A conta é da escola

A conta é da escola

Então, tem escola dizendo por aí que vai ficar mais cara por causa da inclusão? Contratou viv´alma. Ou, no máximo, contratou um profissional e duas estagiárias. Dividiu a nova conta pelo total de alunos, esfrega na cara dos pais que a inclusão vai custar R$ 200 mil, 300 mil, 700 mil por ano e… tchan a mensalidade sobe 10%, 12%, 15%. Mas, se não tem mais gente e tem lei nova no pedaço, pra quem sobrou a inclusão? Sobrou para o professor, ora!
Adaptar material. Fazer provas específicas. Dever de casa de acordo com a capacidade de cada aluno. E ainda fazer tudo sorrindo. Sobrou pro professor. Que tá ganhando rosca a mais para absorver mais essa. E é assim, cravando no professor, sem dó, que muitas escolas estão com suas promessas de inclusão. E tem gente, um bocado de gente, que não está gostando nem um pouco disso.
Mas não era isso que vocês queriam?, devem nos perguntar as escolas. Não, a gente não queria que fosse assim.
Sim, eu quero que o professor encare cada um dos alunos e assuma todas as responsabilidades que aquele aluno mereça. Eu quero que o professor invente jeitos mil de uma criança com surdez participar da festa do fim de ano. Eu quero, sim, que o professor aumente a letra no quadro, das apostilas, dos deveres, para que todos possam entender que 2 + 2 são 4. Eu quero, sim, que o professor entenda de vez por todas que todo e qualquer aluno é dele. Deve estar lá na sua chamada, assim como na sua programação da aula. Quero que veja filmes de mestres brilhantes, lute pelo aluno que ninguém quer e encare a inclusão como consequência natural do direito à educação. Mas, ao mesmo tempo, também quero que lhe deem tempo, recursos e apoio para que isso seja bem feito. Bem feito e sem que se sinta mais uma vez explorado.
É dele a responsabilidade do aluno de inclusão em sala de aula — tenha ou não tenha mediador. É dele. Mas não é só dele: é de toda a escola — do inspetor ao diretor. Então, daí a ter de se virar em especialista em inclusão, de 2015 para 2016, é outra coisa. Por mais que inclusão tenha a ver com boa vontade e vocação para o magistério, precisamos profissionalizar a inclusão. Deixar de vez a ideia de que o aluno de inclusão só se dá para aqueles que têm bom coração. Esse professor também precisa de orientação, coordenação e supervisão quando o assunto for inclusão. Não dá para jogar no colo a tarefa de orientar a mediação, adaptar o dever de casa, fazer novas provas ou simplesmente lidar com esse aluno com necessidades específicas sozinho.
É preciso urgentemente profissionalizar a inclusão. Sair do improviso. Capacitar professores para as salas de aula. Participar de seminários, cursos, palestras que acontecem por aí. E, passar a gestão disso para quem entenda do riscado. Ao professor, a orientação para que a inclusão funcione em sala de aula.
A conta é de toda a escola. Ao menos, deveria ser.♦
Fabiana Ribeiro
fabiana.ribeiro@paratodos.net.br


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